Ana Paula Tenório – Ascom HEHA
Desde o início da pandemia do Coronavírus em 2020, com o aval do Conselho Federal de Psicologia, os serviços psicológicos mediados pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são utilizados no Hospital Escola Dr. Helvio Auto. Além de diminuir os estados de ansiedade e estresse dos pacientes que, isolados, não podem receber visitas, este método está sendo utilizado terapeuticamente na UTI com muito sucesso. A aplicação da técnica vem diminuindo o estado de confusão mental, dificuldade de raciocínio, agitação, comportamento agressivo e alucinações, comuns ao paciente de UTI, o conhecido estado de ‘delirium’.
Quando um paciente permanece durante muito tempo internado numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI), tratando de algumas infecções ou alterações agudas no funcionamento de alguns órgãos, há início modificações no ritmo do ciclo biológico (variação de temperatura, de luz artificial, diferença entre dia e noite) e o uso contínuo de certos sedativos podem predispor um indivíduo internado em UTI a ter delirium.
Normalmente o processo de adoecimento por si só já traz uma crise, onde há a ruptura em toda a rotina do paciente, o afastando de seus afazeres habituais, os papéis que desempenhava em casa e na sociedade. As videochamadas e utilização dessas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) estão sendo preponderantes na recuperação emocional e cognitiva dos pacientes.
“Além de amenizar o distanciamento dos familiares, o uso das TICs tem sido um instrumento terapêutico de fortalecimento emocional, estimulação e preservação das funções cognitivas, que são muito importantes para recuperação dos pacientes. Nós estimulamos e tentamos manter e preservar o vínculo familiar anterior e o contato com fatos atuais, fornecendo informações sobre a realidade utilizando objetos pessoais que o vinculem a suas atividades cotidianas”, explicou a coordenadora do Núcleo de Psicologia, Karina Vasconcellos.
Estas intervenções desenvolvidas para orientação cognitiva vão desde a modificação no ambiente da internação, envolvimento da equipe da UTI na orientação e estimulação do paciente em relação ao tempo e espaço, assim como o fornecimento de informações sobre a realidade com a utilização de objetos pessoais.
Além da UTI
Além do trabalho na UTI, a utilização dessas tecnologias também é aplicada no ambulatório de doenças infectocontagiosas do HEHA e nas unidades de internação. Por meio de videochamadas, atendimentos individuais com pacientes e familiares e entre paciente e família são realizados diariamente.
“As tecnologias têm se mostrados bastante apropriadas neste momento de pandemia, dando um amparo maior, mantendo o plano terapêutico por meio da escuta e interação, uma vez que o vínculo é formado entre psicólogo, paciente e família mesmo que à distância”, concluiu Yugo Torquato, psicólogo do Hospital Helvio Auto.
A equipe de Psicologia e Serviço Social vem aplicando esses mecanismos com um intento maior, o da promoção da humanização. Mesmo trazendo muitos benefícios, a equipe deve avaliar o perfil do paciente, sua situação familiar e o interesse dele. “Dependemos do perfil do paciente, se ele está mais suscetível ou vulnerável, o estado de saúde, cada caso é um caso”, pondera a psicóloga Mônica Gama.
Atualmente o projeto de lei que dispõe sobre a visita virtual, por meio de videochamadas, de familiares a pacientes internados em decorrência do novo coronavírus (COVID-19) foi deferido pela Câmara dos Deputados e aguarda apreciação do Senado Federal.