Ana Paula Tenório – Ascom HEHA

A equipe multidisciplinar do Setor de Reabilitação do Hospital Escola Dr. Helvio Auto (HEHA)  está inovando no tratamento de recuperação dos pacientes utilizando recursos lúdicos. Por meio de representações de atividades laborais ou de lazer, que fazem parte do cotidiano dos internos, a ação consegue provocar uma maior identificação e interação do paciente com o meio que o cerca enquanto durar o internamento.

O Setor de Reabilitação do HEHA é formado por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos que por vezes desenvolvem um trabalho integrado para reestabelecer as atividades de vida diária dos internos. A abordagem é realizada de acordo com a necessidade e receptividade do paciente, é ele que escolhe o melhor horário para realizar as atividades que são adequadas ao seu estado físico e emocional.

“Quando se fala em fisioterapia as pessoas associam ainda muito à dor física, na verdade o objetivo final da fisioterapia é resgatar as funções do paciente de modo global, permitir uma vida com qualidade para que ele consiga realizar suas atividades diárias”, esclareceu a fisioterapeuta do HEHA Cilmery Oliveira.

Trabalho em equipe

A recuperação de um paciente depende do trabalho integrado das equipes, uma vez que o resgate de uma função já permite o desenvolvimento de outras atividades, o que contribui para o trabalho posterior de equipes de profissionais diferentes.

Cilmery Oliveira exemplifica como esta integração acontece: “recebemos um paciente aqui muito debilitado, emagrecido ao extremo, com uma pobreza muscular generalizada, mal conseguia se mover, então  com a intervenção dos fonoaudiólogos reabilitando a deglutição para favorecer uma alimentação segura, preservando a saúde pulmonar,  ele passou a se alimentar, então aos poucos ele começou a reagir e interagir e a partir daí é que podemos começar a fisioterapia propriamente dita”.

Por vezes o trabalho de intervenção de uma equipe só é permitido pelo desenvolvimento que o paciente alcançou graças ao trabalho desenvolvido pela equipe multidisciplinar que atuou anteriormente.

Equipe de reabilitação utiliza métodos diferenciados para obter recuperação motora e cognitiva dos pacientes

Abordagem lúdica

Impulsionados pelo resgate do desempenho ocupacional do indivíduo, os terapeutas ocupacionais do Hospital Helvio Auto realizam atividades que exploram as potencialidades dos pacientes por meio de atividades já desempenhadas em seu dia a dia, essas atividades são contextualizadas e inseridas no processo de recuperação. “Se um indivíduo é marceneiro por exemplo, o desempenho ocupacional dele é trabalhar com madeira, então inserimos as atividades que façam parte do contexto de vida do paciente para ajudar nas limitações causadas pela doença ou pelo processo de hospitalização”, explicou o terapeuta ocupacional do Hospital Helvio Auto Alinthon Fagner.

Por meio do emprego de recursos lúdicos, muitos pacientes retomam atividades tidas como corriqueiras para quem está com saúde plena, pois a hospitalização descaracteriza ações que até então eram normalmente realizadas. A identificação do desempenho ocupacional é feita por meio de conversas e abordagens em que os pacientes relatam suas histórias de vida e que podem ser determinantes na retomada dos níveis de independência e autonomia.

“Aplicamos a abordagem lúdica em diversos pacientes com ótimo resultado. Utilizamos o recurso do bordado do filé com um paciente após identificarmos que esta atividade laboral, além de estimular a coordenação motora fina e capacidade cognitiva, trazia satisfação, representando um momento de lazer. Então trabalhamos de acordo com a ocupação real do indivíduo, adequando às necessidades do trabalho, explanou Alinthon.

Outras atividades são adaptadas de acordo com as informações colhidas com os pacientes. Recursos como a utilização de um teclado para um paciente músico, simulação de uma pescaria para recobrar a atividade motora de um paciente que era pescador, práticas de lazer como jogos de tabuleiro e dominó também integram e estimulam o paciente a interagir tanto com a equipe de profissionais quanto com outros internos.

Os resultados muitas vezes surpreendem a família, o paciente e os próprios profissionais de saúde: “ao desenvolver um trabalho ou uma ocupação aparentemente corriqueira, quem está de fora não percebe muitas vezes que aquilo faz parte do tratamento. Com um simples jogo de dominó, por exemplo, podemos trabalhar os membros superiores, o controle de tronco e equilíbrio do paciente, outra pessoa talvez por não entender, pode interpretar a atividade somente como uma brincadeira ou um passatempo”, conclui a fisioterapeuta Cilmery Oliveira.

Recursos como um simples jogo de dominó podem ajudar o paciente a recobrar aptidões motoras