Ana Paula Tenório: repórter Ascom/HEHA
O Serviço de Assistência Especializada (SAE) do Hospital Helvio Auto (HEHA), unidade assistencial da Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), realiza um trabalho de levantamento e posterior busca aos pacientes em abandono de tratamento de HIV/AIDS. A equipe multidisciplinar do SAE está contabilizando os abandonos e seus motivos, para aplicar a intervenção mais adequada para que os pacientes retornem imediatamente ao tratamento.
É considerado um paciente em abandono de tratamento de HIV/AIDS aquele que deixa de buscar a medicação por três meses consecutivos. No SAE do Hospital Helvio Auto, com ano-base de 2014, estão em situação de abandono de tratamento 123 pacientes, sendo destes, 81 homens e 42 mulheres. Com base nesses números a equipe vai trabalhar diretamente com estes grupos. “Quando o paciente inicia o tratamento no nosso Serviço, ele é convidado a assinar um termo de busca consentida que nos permite fazer contato com ele, caso ele abandone o tratamento. Por meio dos formulários de busca consentida será feita a busca ativa para que, utilizando o método mais adequado, trazer de volta esse paciente ao nosso Serviço e consequentemente ao tratamento”, explicou a enfermeira do SAE Lygia Antas.
No momento está sendo feito o levantamento de dados por cruzamento de informações dos sistemas informatizados. Os pacientes que estão apresentando resultados de exame carga viral acima do esperado ( exame que quantifica o número de vírus na corrente sanguínea) vão passar por uma triagem para saber o porquê do aumento, se abandonaram o tratamento, ou se mesmo recebendo medicação não estão aderindo ao tratamento ou usando de forma inadequada. “Após esse levantamento, vamos estudar a melhor estratégia a ser utilizada para trazer esses usuários de volta ao Serviço”, enfatizou Karina Vasconcellos, psicóloga do SAE.
Segundo a experiência da equipe, os fatores para abandono do tratamento são variados, mas dois se sobressaem: reações emocionais negativas, causadas pelo estigma da doença e alguns efeitos adversos da medicação nos primeiros meses de uso. Ainda segundo a psicóloga do SAE, Karina Vasconcellos a não aceitação do diagnóstico atrapalha o uso correto da medicação. “Alguns pacientes afirmam que ao terem contato com o Serviço lembram que estão doentes, além do consequente medo da rejeição social; então este mecanismo de negação do diagnóstico, apresentando-se como uma situação ameaçadora e trouxer muito sofrimento para o paciente, pode contribuir para o abandono e desistências do tratamento”, conclui a psicóloga.
Já o médico infectologista Fernando Maia explica que por vezes o abandono acontece por medo dos efeitos colaterais, ou quando eles começam a surgir. “Eles têm medo que as reações adversas atrapalhem o dia a dia deles, outros têm receio do aparecimento de lipodistrofia (disfunção na distribuição da gordura corporal causada pelo uso de medicamentos retrovirais), alguns não deixam de consumir bebidas alcoólicas e drogas ilícitas, tendo hábitos que não contribuem para uma vida saudável. Ainda têm aqueles que subestimam o perigo de não usar a medicação de forma adequada”, esclareceu.
Com base em dados de janeiro deste ano, 904 pacientes de HIV/AIDS buscam medicação no Serviço de Assistência Especializada do Hospital Helvio Auto. Uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, psicólogo, nutricionista, farmacêutico, técnicos de enfermagem e assistentes de administração trabalha diariamente no atendimento a diversas doenças infectocontagiosas, tendo o maior número de pacientes os portadores do vírus HIV.