Hospital Helvio Auto registra seis vezes menos incidência de escaras que a média nacional

Ana Paula Tenório – Ascom HEHA

 

O Hospital Escola Dr. Helvio Auto (HEHA) divulgou os indicadores de incidência das Lesões por Pressão (LPPs), comumente conhecidas como escaras, do ano de 2019. Após aplicação de novas medidas, os dados apontaram para uma incidência de 4,42%, o que significa que o hospital apresenta um indicador seis vezes melhor que a média brasileira – que vai de 26 a 62% -, segundo protocolo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

As escaras podem ser definidas como áreas de pouca irrigação sanguínea e necrose, que se desenvolvem pela compressão prolongada dos tecidos moles entre as proeminências ósseas e superfícies externas. Também são conhecidas como escaras de decúbito. Além dos 4,42% em incidência, o estudo da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Helvio Auto também levantou que 56% dos pacientes com escaras na unidade apresentam as lesões em área sacral (abaixo da região lombar); 20% na área do trocanter (proeminência óssea do fêmur) e 9% no calcâneo (calcanhar).

Os números positivos do hospital, que é uma unidade assistencial da Uncisal (Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas), se devem ao trabalho que vem sendo aplicado há quase um ano pela enfermeira Márcia Cristina César. O método consiste em treinamento contínuo das equipes para prevenção de lesões, além da intensificação de métodos de cuidado das escaras já existentes. “Começamos a utilizar instrumentos que propiciam a aferição e o cuidado de lesões, avaliando seu tamanho e identificando fatores que levam ao retardo na cicatrização. A partir daí, fazemos a escolha adequada da cobertura (curativo) e uma avaliação multidisciplinar adéqua medicações que podem sanar a infecção e melhorar outros fatores para cicatrização”, destacou Márcia César.

Além dessas medidas, o Helvio Auto utiliza colchões pneumáticos e realiza inspeções de pele no momento da admissão dos pacientes para a identificação dos fatores de risco, bem como detecção de lesões preexistentes. Também foi atualizado o catálogo para compra de curativos com novas tecnologias, que favorecem uma melhoria tanto na prevenção, quanto no cuidado das lesões já instaladas.

Também foi criado um grupo em uma rede social para os enfermeiros da instituição, a fim de dinamizar a comunicação e a discussão sobre os casos, a continuidade do cuidado e a escolha de coberturas adequadas para cada lesão.

“Nossos esforços começam a dar resultados considerando que grande parte dos pacientes aqui apresenta fatores intrínsecos importantes como incontinência urinária e fecal, mobilidade reduzida, infecções e uso de medicamentos que, no conjunto ou individualmente, favorecem o desenvolvimento de lesões por pressão. Nossa meta é diminuir ainda mais essa incidência”, explicou a coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do hospital, Adriana Junges.

 

Indicadores

A Anvisa lançou em 2018 o Protocolo de Segurança do Paciente II, módulo 3, que traz em sua introdução um quadro comparativo da prevalência da lesão por pressão entre diversos países. O melhor resultado é da Espanha, de 4,4% a 13,2%, e como pior resultado vem o Brasil, com 26,8% a 62,5%.

As taxas de incidência e prevalência na literatura apresentam variações que se devem às características dos pacientes e ao nível de cuidado. No Brasil, embora existam poucos trabalhos sobre incidência e prevalência de LPPs, um estudo realizado em um hospital universitário evidenciou uma incidência de 39,81%, segundo relatório do Programa Proqualis do Ministério da saúde – 2014.

 

Apesar da maioria dos pacientes apresentar mobilidade reduzida e outros fatores de risco, incidência de lesões no HEHA se compara à de países desenvolvidos.